31.12.08

FeLiZ AnO NoVo


envergonhada

Todos sabemos que o SAP (Serviço de Atendimento Permanente) foi encerrado em Espinho há sensivelmente um ano. Em contrapartida, o protocolo assinado entre a Câmara Municipal e o Ministério da Saúde previa a existência de uma viatura de emergência no Hospital 24horas por dia, de modo a assegurar o transporte em casos de urgência.

Era o caso do Professor que morreu no passado dia 12 de Dezembro na Escola Secundária do Dr. Manuel Gomes de Almeida, a uns parcos 50 metros do referido hospital. Mas o Senhor inacreditavelmente não teve direito a qualquer auxílio médico, porque não havia uma viatura adequada em Espinho, Gaia e Santa Maria da Feira que o conduzisse ao Hospital Central.

O triste acontecimento levantou o alvoroço que o caso merece e chegou à Assembleia Municipal. PSD, CDS, CDU e BE reclamaram pela imediata rescisão do protocolo que levou ao encerramento da Urgência. O PS, em maioria – e naturalmente – votou contra. Outra coisa não seria de esperar. O que não esperava, confesso, era deparar-me com as declarações que são atribuídas ao Presidente da Câmara de Espinho no Jornal de Notícias de Segunda-Feira. De acordo com o diário, José Mota criticou (...) ninguém se ter lembrado de levar o Professor até ao espaço da consulta aberta. “Tenho a certeza que lá o Professor teria sido ajudado, isto porque aquele serviço em nada está diferente do antigo SAP.”

Quero acreditar que se trata de mera ignorância da realidade do Serviço Nacional de Saúde, mais propriamente das condições dos serviços asseverados pelos Centros de Saúde deste país. Talvez o Senhor Presidente não saiba que estas unidades não estão prevenidas para este tipo de ocorrência, embora o Director do Centro de Saúde de Espinho já o tenha dito. Talvez o Senhor Presidente não saiba que as pessoas que estavam na Escola naquele dia fizeram o que puderam para salvar a vida ao Professor, que fizeram o melhor que sabiam e tinham obrigação de fazer. Ninguém pegou no Senhor e o levou a uma unidade médica, porque isso seria irresponsável e imprudente. Pode não saber, embora devesse, que quem falhou aqui não foram essas pessoas, que assistiram, impotentes, ao falecimento do Professor - foi o serviço que o Executivo garantiu aos espinhenses.
O Senhor Presidente José Mota podia simplesmente ter lamentado o sucedido, admitir a falha do (fraco) serviço de transporte urgente a que destinou a população de Espinho e prometer o seu melhoramento. Era o que lhe bastava para ficar bem na fotografia. E, já agora, sossegar os utentes, que por esta altura certamente questionam com legitimidade a sua segurança. Mas não. Preferiu sacudir a água do capote e responsabilizar os únicos que fizeram alguma coisa por aquela vida. Lamentável.
Quanto a vocês, não sei. Eu só consigo sentir-me envergonhada.
aa

29.12.08

Não há fome que não dê em fartura

Não me vou repetir em relação à questão das grandes superfícies, shoppings, centros comerciais e afins, no concelho de Espinho - é um tema gasto e resultante de uma visão anacrónica. No entanto gostaria apenas de lançar aqui um ponto para reflexão, uma vez que, após o anúncio da criação de um shopping na antiga fábrica da Corfi, são já dois os projectos em marcha de grandes superfícies em Espinho. O segundo, está pensado no plano de pormenor para o estádio do Sp. Espinho e tem a chancela de Américo Amorim.
Em relação ao primeiro, estão disponíveis aqui imagens do projecto. E, para quem duvida da instalação de um dolce vitazinho em Espinho aqui fica uma entrevista interessante do presidente do SCE, Rodrigo dos Santos.

26.12.08

Eles sonham, a obra nasce

Quando a Solverde ordena, não há obstinação que impeça o executivo de obedecer. Ainda há poucos dias aqui postei sobre a peregrina intransigência da Câmara de Espinho em relação às grandes superfícies, essas criações do diabo que fustigam as lojinhas da esquina. Pois, subitamente, algo mudou para os nossos responsáveis políticos para admitirem semelhante enormidade, como revela, em primeira-mão, o jornal da Solverde na passada semana. O que mudou, meus caros leitores, foi que imperou a vontade da família Violas em tornar rentável o defunto espaço da Corfi. E como sabemos, por aqui, semelhante vontade dita a lei.
Não tenho absolutamente nada contra a ideia, aliás sou defensor há muito da instalação de uma grande superfície no concelho. O que não aprecio, no entanto, é a incoerência política uma vez mais patenteada. Além disso, temo que a medida tenha sido aprovada tarde demais.

em alta velocidade para o abismo

O TGV, que se anuncia, é talvez o investimento público mais estúpido de toda a história do nosso país. O enorme espírito de Natal dos portugueses, associado aos seus tradicionais brandos costumes, não chega para tolerar tão enorme disparate.

O TGV não cumpre qualquer regra mínima a que se deve submeter um investimento. Não é nem nunca será economicamente rentável. Não induz efeitos reprodutores positivos, não gera sinergias na actividade económica. E, por fim, não tem a mínima utilidade social.

Então, para que serve? Para que Portugal não fique arredado das rotas do desenvolvimento, como nos querem fazer crer? Este é o mais falacioso dos argumentos. Se o TGV gera riqueza, então por que razão os países com os mais elevados índices de desenvolvimento humano - a Noruega, a Suécia, a Irlanda, ou até a Austrália e o Canadá - não têm alta velocidade ferroviária?

A grande velocidade, já hoje se encaminha o país para o abismo. Vem aí o TGV, o empurrão que faltava para o descalabro total.

Nem mais, nem menos. Continuar a ler aqui.
aa

23.12.08

Em (não) defesa das urgências

O triste episódio com o INEM, fez com que se levantassem vozes de apelo à reabertura do serviço de urgências em Espinho. Pode ser uma posição controversa mas eu sou favorável à suspensão definitiva das Urgências, por diversas razões:

1- Espinho não tem população residente que justifique a manutenção de um serviço 24 horas por dia.

2- Os custos de um serviço de urgências permanente, são incomportáveis para um hospital com a dimensão do de Espinho.

3- A curta distância para o hospital de Gaia - ainda menor no período das 24 às 8h - minimiza os efeitos negativos que a ausência do serviço pode provocar.

Estas, no entanto, não implicam que se actue de forma laxista no atendimento urgente e implicam, num outro prisma, que sejam asseguradas contrapartidas reais para os utentes espinhenses, que não uma solitária viatura de emergência.

19.12.08

Visão tradicional do comércio

Apetece-me dizer que não existe comércio tradicional em Espinho mas sim, uma visão tradicional de comércio, com dois responsáveis muito concretos: a autarquia e a Associação Comercial de Espinho.
Na obstinação de manter "vivo" o comércio na cidade, a Câmara não cede um milímetro na eventual criação de uma grande superfície em Espinho. A esta posição não está alheia, evidentemente, a promiscuidade existente entre o executivo e a Associação Comercial, que se traduz no paradoxo de, esta instituição, não preservar os interesses dos comerciantes mas antes, preservar o seu status político, como se vê nesta questão última dos parquímetros. Haverá medida mais nefasta para os comerciantes do que a colocação de parquímetros em todo o centro urbano, sem haver outras alternativas?
Falo em obstinação, porque se trata, em si mesma, de uma posição intransigente e absolutamente questionável. O comércio tradicional em Espinho está estagnado, à espera de uma injecção de vitalidade que não chega de nenhum lado. As grandes superfícies florescem nos concelhos vizinhos, mesmo nas fronteiras geográficas do nosso concelho, como é o caso do Modelo em S. Félix da Marinha, atraindo poder de compra e mão de obra...espinhense! Depois não adianta defender com unhas e dentes o comércio tradicional e depois dar-lhe de presente envenenado, uma requalificação urbana parcial, a ausência de parques de estacionamento, ou as obras intermináveis do rebaixamento da ferrovia. Se não houver uma inversão nesta política, temo francamente que caminhemos para o definhamento do comércio tradicional em Espinho.

15.12.08

Inacreditável - onde estava o ti-nó-ni?

Estou absolutamente chocado com a morte do professor da ESMGA, na passada sexta-feira. Houve uma negligência grosseira da parte do INEM, que atendendo à gravidade da situação a geriu com indiferença; houve um evidente laxismo do CODU na comunicação que prestou aos Bombeiros Voluntários de Espinho e pior de tudo, o Hospital de Espinho (que dista uns enormes 50 metros da escola) alegadamente, não tinha um fármaco que se deve ministrar a pessoas que entram em paragem cardio-respiratória. Perante semelhante irresponsabilidade que custou uma vida, só se pode reagir com a mais profunda indignação e revolta.
Intrigou-me ainda um aspecto mencionado nos media, que tem a ver com o facto de não ter havido uma viatura do INEM disponível...em Gaia e na Feira! Mas afinal não existe uma viatura de emergência (VMER) em Espinho? Ela foi, de resto, uma das contrapartidas do Governo pelo encerramento das urgências e, já agora (digo isto com conhecimento de causa, uma vez que acompanhei, na altura, a celebração do protocolo entre a Câmara de Espinho e o Governo, para o jornal Maré Viva), foi uma das medidas que mais convenceram o executivo autárquico a ceder nessa questão. Recordo-me, a propósito, do membro da Assembleia Municipal, Jorge Carvalho, se ter referido de forma cáustica a esta bendita troca, dizendo que o presidente da Câmara estava muito satisfeito porque lhe tinham dado "um ti-nó-ni"!!!! É caso para perguntar...onde raio estava o ti-nó-ni?

11.12.08

Cada vez mais complexo

Perdoem-me mas a palavra "complexo" começa a fazer parte de um certo léxico do "quadradinhos". Isto porquê? Por culpa de um “Complexo de Ténis de Espinho”, cujo nível de complexidade transcende o do próprio nome.
Há cerca de dois meses fiz uma entrevista com a ex-campeã nacional de ténis, Ana Catarina Nogueira, que durante dois anos foi coordenadora de treino daquela infra-estrutura. Resumidamente, a Ana foi despromovida das suas funções pela nova direcção técnica que havia, por sua vez, sido indigitada pela administração do Complexo por sugestão da Câmara Municipal de Espinho, que também não estava contente com o rumo que a coisa levava. Acontece que, em dois anos, a treinadora conseguiu os melhores resultados nacionais que a Academia e a Escola de Ténis de Espinho alguma vez teve. Pelos vistos não foi suficiente e a Ana Catarina foi convidada a treinar miúdos de iniciação, ou seja, daqueles que mal podem com a raquete. Escusado será dizer que ela não aceitou tão estimável convite.
Esta é mais uma história do enorme rigor e profissionalismo com que a coisa pública é gerida aqui no nosso pequeno reduto. Em Espinho, curiosamente, existem instituições que têm competência técnica e know-how para gerir um verdadeiro equipamento de ténis orientado para a formação de atletas. É o caso do Clube de Ténis de Espinho que recentemente comemorou o seu aniversário e que (espantem-se)....se queixou de não ter instalações próprias para desenvolver a sua actividade! Perante tudo isto, a autarquia prefere que seja a ADCE a explorar o Complexo, talvez para manter alguns gestores em part-time, que se dedicam a outras actividades profissionais e raramente põem os pés nesse tal....Complexo. Digam-me lá se esta cidade não é esquizofrénica?

Os novos donos da cidade.
Os parquímetros já lá estão...mas...
e os parques subterrâneos, são para quando?

9.12.08

um belíssimo cartão de visitas V

E eis senão quando, aos 9 dias do mês de Dezembro de 2008, têm início as obras na rotunda.
O nosso sentido de oportunidade nesta matéria tem sido notável, ah?
aa

5.12.08

um belíssimo cartão de visitas IV

Máquinas já temos há uns dias estacionadas junto à flamigerada rotunda. Já só falta quem as ponha a trabalhar.
Oxalá cheguem antes do prazo estabelecido para a conclusão da obra, que se bem me lembro é o final do ano. Pois.
Serei a única a duvidar que (mais uma vez) os prazos não vão ser cumpridos?
aa

recomendamos


O Segredo

pela O.T.E. [Oficina de Teatro de Espinho]
Dia 14, no Centro Social Luso Venezuelano

3.12.08

Tiques de cidade grande


Ao estafado slogan sobre Espinho ser "uma cidade grande, sem os problemas de uma grande cidade", eu respondo que Espinho é antes "uma cidade pequena, com manias de cidade grande". Vem este comentário a propósito da colocação de parquímetros em todo o perímetro urbano, se bem que esta coisa do perímetro urbano em Espinho é sempre um conceito difuso. Veja-se que, por exemplo, a requalificação urbana só abrangeu o perímetro compreendido entre a rua 15 e a 23, enquanto que os parquímetros estão num perímetro ligeiramente mais alargado. Ou seja, quando é para gastar dinheiro convém que o perímetro seja estreito, mas quando é para sacar dinheiro aos automobilistas, o perímetro já é extensível a toda a cidade.
Os parquímetros surgem com o pretexto de serem um agente disciplinador do estacionamento no centro da cidade. Em primeiro lugar não acredito que sejam disciplinadores de coisa nenhuma, uma vez que eles estarão por toda a cidade e não estarão em pontos estratégicos do (agora sim) perímetro urbano, onde o estacionamento é caótico. Depois, em Espinho, não existem alternativas ao estacionamento no centro urbano, nem para moradores, nem para comerciantes, muito menos para as pessoas de fora. No fundo, o que não existe é estacionamento e isso não se combate com parquímetros supostamente moralizadores. Por fim, eu sou daquelas pessoas que quando se desloca ao Porto de comboio, deixo o carro na zona próxima à estação. Creio que é assim que fazem centenas de pessoas que se deslocam diariamente ao Porto a partir da nossa cidade, como tal não entendo a colocação de parquímetros naquela zona. Estará o município à espera que as pessoas paguem um parquímetro o dia todo? Eu não pago seguramente e acredito que os outros utentes do comboio também não. Além do mais, ninguém de bom senso acredita que esta seja uma medida interventiva ou disciplinadora. Por exemplo, não vai disciplinar o estacionamento nas imediações da "obra do século", que continuará a ser um local privilegiado para o estacionamento abusivo, até lá se fazer alguma coisa. Como tal, a verdadeira moral da história é que esta medida servirá apenas para aumentar as receitas extraordinárias da autarquia.