3.12.08

Tiques de cidade grande


Ao estafado slogan sobre Espinho ser "uma cidade grande, sem os problemas de uma grande cidade", eu respondo que Espinho é antes "uma cidade pequena, com manias de cidade grande". Vem este comentário a propósito da colocação de parquímetros em todo o perímetro urbano, se bem que esta coisa do perímetro urbano em Espinho é sempre um conceito difuso. Veja-se que, por exemplo, a requalificação urbana só abrangeu o perímetro compreendido entre a rua 15 e a 23, enquanto que os parquímetros estão num perímetro ligeiramente mais alargado. Ou seja, quando é para gastar dinheiro convém que o perímetro seja estreito, mas quando é para sacar dinheiro aos automobilistas, o perímetro já é extensível a toda a cidade.
Os parquímetros surgem com o pretexto de serem um agente disciplinador do estacionamento no centro da cidade. Em primeiro lugar não acredito que sejam disciplinadores de coisa nenhuma, uma vez que eles estarão por toda a cidade e não estarão em pontos estratégicos do (agora sim) perímetro urbano, onde o estacionamento é caótico. Depois, em Espinho, não existem alternativas ao estacionamento no centro urbano, nem para moradores, nem para comerciantes, muito menos para as pessoas de fora. No fundo, o que não existe é estacionamento e isso não se combate com parquímetros supostamente moralizadores. Por fim, eu sou daquelas pessoas que quando se desloca ao Porto de comboio, deixo o carro na zona próxima à estação. Creio que é assim que fazem centenas de pessoas que se deslocam diariamente ao Porto a partir da nossa cidade, como tal não entendo a colocação de parquímetros naquela zona. Estará o município à espera que as pessoas paguem um parquímetro o dia todo? Eu não pago seguramente e acredito que os outros utentes do comboio também não. Além do mais, ninguém de bom senso acredita que esta seja uma medida interventiva ou disciplinadora. Por exemplo, não vai disciplinar o estacionamento nas imediações da "obra do século", que continuará a ser um local privilegiado para o estacionamento abusivo, até lá se fazer alguma coisa. Como tal, a verdadeira moral da história é que esta medida servirá apenas para aumentar as receitas extraordinárias da autarquia.

2 comentários:

EP disse...

Vindo de uma Câmara Municipal que faz uma "requalificação urbana" que termina a meio de um quarteirão, não se podia esperar muito mais. Visto que isto do parquímetro (e dos parques subterrâneos) está prometido desde Janeiro de 2006, acho que lá para 2010 fica concluído...

Anónimo disse...

Esta é questão que me deixa profundamente indignada. É inacreditável que esta medida avance sem que se criem alternativas para o estacionamento. Este executivo pensa que Espinho é apenas a freguesia de Espinho, esquecendo-se dos, também, espinhenses de Anta, Guetim, Paramos e Silvalde. Como referiste, existem centenas de pessoas que têm no comboio o meio de transporte primordial para se deslocar para o trabalho. Assim, como chega um guetinense ao comboio das 7h? E como se desloca a casa se chegar a Espinho depois das 20h? Não existem transportes públicos que assegurem estes horários, e como tal muitas destas pessoas são obrigadas a utilizar o carro. E vão ter que pagar parquímetros este tempo todo? Quase será preferível pagar a multa…
Para além disso, já alguém se lembrou que os moradores de Espinho centro deixam muitas vezes os carros na rua por falta de espaço nas garagens? Terão estas pessoas que acordar de manhã cedo, estacionar o carro longe do centro para o ir buscar novamente à noite??
Estas medidas só fazem com que a população, principalmente a jovem, saia de Espinho. Gaia, Feira e Ovar tornam-se municípios bem mais apetecíveis para viver que Espinho.
Por outro lado, e como este blog não deve ter só como objectivo a crítica por crítica, queria deixar aqui uma sugestão: porque não criar um cartão do cidadão que permita, entre outras vantagens, não pagar parquímetros? E para as pessoas que apanham o comboio todos os dias, criar também um parque de acesso gratuito?

C.O.