12.11.08

A propósito do Cinanima


Não sou o Álvaro Sabença - nem pretendo ser, valha a verdade - mas a propósito da abertura do Cinanima, o maior acontecimento cultural da cidade, gostaria de tecer algumas considerações, sobre o próprio festival e a sua inserção no contexto cultural espinhense.
O Cinanima tem um relevo inatacável, consagrado por mais de trinta anos de história e é, a par com o FIME, o único evento de projecção internacional a acontecer anualmente em Espinho. Tem uma inquestionável qualidade estética e artística que o posiciona como um dos festivais europeus de referência, no domínio do cinema de animação. Tem, por fim, uma dinâmica organizativa muito sólida, promovendo sessões paralelas à competição, workshops, exposições, entre outras actividades periféricas ao festival per si.
Porém, na minha opinião, não tem o efeito mobilizador e agregador que poderia ter, para e com a cidade. Neste ponto, não consigo ser científico e detectar as causas exactas. Não me parece que seja uma falha da organização, no sentido estrito da expressão mas creio, no entanto, que algo poderia ser melhorado a este nível. Por exemplo, procurando envolver, no grande "chapéu" do Cinanima, espaços diversificados dentro da própria cidade, dando-lhes novas roupagens, formas e cores que se integrassem no contexto estético do festival. Dinamizando eventos multidisciplinares - mesmo eventos de rua -, na área da música, das instalações multimédia, entre outras. Criando um verdadeiro happening, que envolvesse toda a cidade, a enriquecesse culturalmente - e tão sedenta de bons eventos culturais que ela anda - e não circunscrevesse a sua actividade ao Centro Multimeios. Mesmo aí, gostaria de ver a zona circundante ao Multimeios com uma outra animação envolvente, que potenciasse o festival e cativasse o público.
Não quero, com estas notas, menosprezar o excelente trabalho que tem sido feito no Cinanima, muito menos beliscar a sua importância no contexto cultural de Espinho e do país. Creio que o festival tem evoluído favoravelmente e que o facto de ter ao seu dispor, uma estrutura polivalente como o Multimeios, só o engrandeceu e valorizou ainda mais. No entanto, acredito piamente que se poderia tornar num evento de maior grandiosidade, se fosse promovido um maior entrosamento com a cidade e uma outra envolvência por altura da sua realização.
N.S.


P.S. Para quem não percebeu a tirada relativa ao senhor Álvaro Sabença, acrescento que o proprietário de locais de referência como o karting e a discoteca Àbox, veio a terreiro tecer considerações sobre a vida cultural em Espinho.

6 comentários:

EP disse...

Concordo com o que dizes sobre o festival. Acho que falta algo que chame a cidade para o Cinanima, coisa que só lá vai com uma maior projecção do evento nos meios de comunicação social (uma verdadeira projecção, não apenas ser notícia no início e no fim) e uma maior interligação com a comunidade. Caramba, pintem a estação de Espinho, encham a 19 com animação. Vejam o exemplo do Fantas, com o Baile dos Vampiros.

Anónimo disse...

Parabens...por 2 razões: Comentário fidigno sobre a relevância e importância de um festival como o Cinanima e focaste o ponto central...a falta de iniciativas que verdadeiramente "puxam" pelo público espinhense para assistir a uma ou outra projecção no referido festival. Como pessoa que tem no cinema um hobby favorito, pergunto me porquê? Porque nunca assisti a um unico filme sequer inserido no ambito do Cinanima em 15 anos de habitante espinhense...? Será só falta de automotivação? talvez.... pena o José Luis Peixoto não vir cá a Espinho promover o evento. ( Piada pessoal destinada ao autor)

cidade aos quadradinhos disse...

Soube, há dois dias (!!!), que haverá uma festa de encerramento do Cinanima no Dolché. Para além da óbvia falta de timing publicitário, fiquei sem perceber se aquilo será uma verdadeira festa de "despedida", ou mais uma desculpa para uns maduros cá da nossa terra, que todos conhecemos e que costumam "fazer umas festas no Dolché", beberem uns copos...
E já agora perdoem-me lá, mas será o Dolché o local indicado para qualquer festa de despedida de um festival de carácter internacional que se preze?

Anónimo disse...

Estou tambem de acordo com o post e já agora, com os outros comentários. Não se pode negar os anos de vida do cinanima, mas é preciso dar-lhe uma nova cor e uma vida diferente. A fase adulta deste evento já passou e caminho a passos largos para a velhice. Então, é necessário elaborar uma campanha de marketing. O cinanima tem de ir às pessoas e não o contrário.
Já agora, um pequeno reparo. Por ventura, assisti a um workshop do cinanima na junta. No salão de exposição, no primeiro andar. Vem no meio da sala onde estava a decorrer uma exposição de uma artista da casa. Sinceramente, havia necessidade? Nem que abrissem o malogrado FACE para tal...

cidade aos quadradinhos disse...

Por favor diz-me que a festa de despedida não vai ser no Dolché...
aa

cidade aos quadradinhos disse...

A festa é mesmo no Dolché, Ana. E ontem fui ao Cinanima e não me enganei quanto ao propósito da dita festa e às pessoas que a vão organizar.