21.8.09

um editorial diferente

Li e reli a última publicação da cidade aos quadradinhos e continuo, apesar do meu inato sentido de condescendência, sem perceber muito bem certos detalhes.
O jornal afirma-se como um veículo de informação para os comerciantes, mas resume-se a uma dúzia de publi-reportagens sobre um programa de modernização do comércio, decisivo para a sobrevivência de alguns estabelecimentos. Depois coloca-se num plano equidistante, rejeitando afinidades políticas com a autarquia mas - coisa irrelevante - concede o editorial ao presidente de Câmara. Pela primeira vez na história dos media, um autarca assina um "editorial" de uma publicação que não seja um folheto político. O editorial poderia, em alternativa, ser assinado pelo director da publicação - mas isso nem sequer é prática corrente nos jornais "a sério", então porquê inventar?! O problema é que o director da publicação é, não apenas director da instituição a quem pertence o jornal, como também dá uma ajudinha no gabinete do presidente da Câmara Municipal (o tal que assinou o editorial). Para concluir o meu afã de observações avulsas, o jornal diz-se desprovido de interesse comercial, mas está pejado de anúncios publicitários de praticamente todo o comércio que ainda sobrevive na cidade.
Imagino duas razões objectivas para que este jornal tenha sido criado e nenhuma das duas está plasmada no "editorial": a primeira é a de possibilitar a colocação de duas pedintes crónicas de emprego na nossa terra; a segunda, essa deixo para mim.

2 comentários:

Anónimo disse...

Olá, acho que no inicio do seu post se quer referir ao Espinho Comercial e por gralha refere o nome do seu blog.
Concordo em pleno consigo, principalmente quanto à segunda razão pela qual esta publicação foi criada.
Cumprimentos

Anónimo disse...

sim as razões são duas, a saber:
1.ª - propaganda política descarada com os meios dos comerciantes e, quer queiram quer não, com o apoio desses mesmos comerciantes que muito falam contra, mas, na hora da verdade, não deixam de ir ao beija-mão na esperança de umas sobras ou, tão só, da manutenção do actual estado das coisas;
2.ª - porque não dize-lo, um excelente meio de campanha e angariação de fundos para a campanha do PS, onde, naturalmente, um tal de desleixo e apaniguados, encabeçados pelo padrinho, fazem a recolha e, consequente, proveito, quais capos de família.
se os espinhenses se prestam a estes papeis e pactuam com a vigarice e a trafulhice destes senhores, queixam-se de quê?
o dito é antigo: em terra de cegos quem tem um olho é rei.