1.7.09

FACE: alguém terá contactado este senhor?

Trocou as corridas de motocrosse, há 30 anos, pela fotografia e pelo coleccionismo. Hoje possui o maior acervo fotográfico sobre Espinho, mas o futuro deste espólio de 80 mil películas é uma incógnita.

Da inauguração do primeiro casino à abertura da estação dos caminhos-de- ferro, os principais acontecimentos que ajudaram a fazer de Espinho, no passado, uma das mais atractivas zonas balneares do Norte do país fazem parte da colecção de fotografia de Carlos Salvador. Neste impressionante acervo particular, há também testemunhos das invasões de mar que, durante anos, fustigaram a população local ou exemplos do florescimento e posterior decadência da actividade piscatória.

O espólio não retrata apenas os tempos áureos de Espinho. Ainda hoje, Carlos Salvador faz questão de fotografar o quotidiano da cidade, sejam as obras de requalificação da linha férrea ou as festividades em honra da Nossa Senhora da Ajuda, a padroeira local.

Com 60 anos e dois enfartes recentes, o fotógrafo pensa já no futuro da colecção. Sem descendentes directos, teme que o espólio venha a ficar disperso, vítima de disputas familiares. "Gostava que isto estivesse ao serviço da cidade, mas não vejo os políticos a interessarem-se", lamenta.

O Fórum de Arte e Cultura de Espinho - na antiga fábrica de conservas Brandão Gomes - seria, à partida, o local ideal para acolher esta colecção. Todavia, apesar de o espaço estar à espera de inauguração há mais de um ano e de não existirem sequer planos concretos para a sua dinamização, Carlos Salvador reconhece com tristeza não ter sido sequer contactado pela Câmara.


JN de 24/04

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